Açúcares, vilões ou nem tanto?
Embora alguns tipos de
açúcares possam ser erroneamente considerados como mais saudáveis, a frutose tem sido, nos últimos anos, apontada como uma vilã para
a saúde. Mas realmente ela é pior do que os outros tipos de açúcares?
A frutose tem algumas
desvantagens metabólicas em relação à glicose e outros açúcares.
Enquanto a molécula de glicose
é “quebrada” e usada para gerar energia celular, o metabolismo da frutose ocorre
principalmente no fígado, onde a frutose é rapidamente convertida em gordura,
na forma de triglicerídeos, quando consumida em grandes quantidades.
Assim, um acúmulo de
gordura no fígado pode levar ainda a uma condição metabólica perigosa chamada
doença hepática gordurosa não-alcóolica, popularmente conhecida por esteatose
hepática.
Além disso, a frutose contribui
para a ocorrência da resistência insulínica, incapacidade do
organismo de produzir a quantidade de insulina necessária para a manutenção do
seu metabolismo normal, e a longo prazo, pode também
pode contribuir para o surgimento do diabetes tipo II, uma doença metabólica,
devido ao acúmulo de gordura (triglicerídeos) no fígado.
Caso o paciente já seja diabético,
o consumo de frutose regularmente irá aumentar o acúmulo de gordura no fígado e
no organismo, contribuindo para o surgimento de outro transtorno metabólico, a
dislipidemia, doença metabólica causada pelo aumento disfuncional do colesterol
e triglicerídeos, que a médio prazo poderá desencadear hipertensão e
cardiopatia. A soma dessas desses transtornos metabólicos caracterizam o transtorno
plurimetabólico.
“Além disso, a frutose estimula
a produção de ácido úrico, fazendo com que os níveis sanguíneos aumentem, ”
Muito ácido úrico leva à
formação de cristais de ácido úrico nas articulações, causando dor, causando um
tipo de artrite chamado gota.
Entretanto, apesar da
frutose apresentar todas essas ações “não tão boas” no organismo, as frutas e o
mel, ricos em frutose, quando consumidos com cautela, apresentam importante valor
nutricional, especialmente as frutas, ricas em fibras e vitaminas e fundamentais
na nossa dieta.
A restrição moderada deve
ser a palavra de ordem em relação aos açúcares em geral, mas quando o paciente
já apresenta qualquer umas das condições metabólicas, como diabetes tipo II,
hipertensão, obesidade ou cardiopatias, ele deve ser muito cauteloso no consumo
da frutose e demais açúcares.
Segundo Dr. Frank
Hu, presidente do Departamento de Nutrição da Harvard T.H. Escola Chan de Saúde
pública:
(...) Bioquimicamente suas
moléculas são as mesmas, independente de qual fonte proceda: não importa se vem
das frutas, do mel, do xarope de milho ou de alguma embalagem de açúcar
qualquer que compramos no mercado.
A grande questão quanto ao consumo de açúcar está na forma
como fazemos. Os açúcares naturais contidos nas frutas, legumes ou grãos são digeridos de forma diferente dos açúcares que são adicionados aos alimentos.
Quando adicionados, os açúcares passam a fazer parte de “um pacote”
que inclui outras substâncias como fibras, proteínas e lipídios. Quando você
come açúcar junto com esses outros componentes, seu corpo absorve e metaboliza
de forma mais lenta, de modo que o aumento do açúcar na corrente sanguínea
levará mais tempo, já que o seu organismo terá que digerir os demais nutrientes
presentes.
Por outro lado, quando
você ingere uma bebida contendo açúcar adicionado, a absorção desse açúcar será
rápida, elevando rapidamente o açúcar no sangue.
Portanto, o consumo de
refrigerantes, sucos de caixinhas e similares, cuja adição de açúcar é muito
grande, é a pior maneira de consumir açúcar, já que a sua rápida absorção no organismo levará
a um rápido e acentuado aumento de
açúcar no sangue.
A médio e longo prazo o organismo poderá desenvolver resistência
insulínica, condição precursora de diversos transtornos metabólicos como já
mencionei anteriormente.
Fonte: https://www.health.harvard.edu/newsletters/harvard_womens_health_watch